SESSÃO PLENARIA INAUGURAL - 27 Julho

KATH WESTON

Universidade de Virginia; Universidade de Edimburgo

Weston speaker photo 400px

Kath Weston é Professora Global na Academia Britânica da Universidade de Edimburgo e professora de antropologia na Universidade da Virgínia. O seu trabalho de pesquisa se concentra nos corpos e no que ela chama de envolvimento visceral (visceral engagement) do ponto de vista da ecologia política, parentesco, antropologia das finanças, STS (ciência, tecnologia e sociedade) e políticas de identidade Os seus livros incluem Animate Planet: Making Visceral Sense of Living in a High-Tech Ecologically Damaged World (Duke 2017), Traveling Light: On the Road with America's Poor (Beacon 2008), e Families We Choose: Lesbians, Gays, Kinship (2nd ed. Columbia 1997). O seu projeto atual na Academia Britânica é intitulado: Finanças do corpo: como uma revolução científica e uma revolução de crédito são articuladas para mudar a maneira como ganhamos dinheiro (Body Finance: How a Scientific Revolution and a Credit Revolution Combined to Change the Way We Make Money).

 Perfil acadêmico.

 

 

 

 

Etnografia contrafatual:

Imaginar o que implica viver de outra forma

Kath Weston

British Academy Global Professor, Social Anthropology, University of Edinburgh

Professor of Anthropology, Anthropology, University of Virginia

 

Desde a emergência do conceito de fato na história legal europeia moderna e a sua migração para o domínio da ciência, nunca chamou tanto a atenção o fato, no seu sentido categórico, nem levantado tanta controvérsia. Os titulares de notícias estão de luto pela morte do raciocínio baseado na fato de e preocupam-se pela abundância dos tecnologicamente manipulados “ultrafalsos”, essas imagens alteradas de tal maneira que se confundem com as originais. Os académicos realizam conferências sobre “a invenção do fato” para proporcionar o contexto da mudança de circunstâncias políticas. Ao mesmo tempo, as narrativas contrafatuais ganharam importância como formas de imaginar o que implicaria viver de maneira diferente num mundo marcado pela profunda desigualdade e crise ecológica. As narrativas contrafatuais do tipo “que aconteceria se…”, consideram caminhos que não foram seguidos: Como poderiam ou teriam sido as coisas de ter acontecido de uma outra forma? Que teria acontecido se X tivesse feito Y ou se Z nunca tivesse acontecido? Imaginemos que o conquistador Hernán Cortés nunca tivesse nascido, que aconteceria? Imaginemos que a eletricidade gerada localmente com corrente contínua houvera triunfado sobre a gerada centralmente com corrente alterna e se todos os barcos de carga funcionaram com velas solares. Como seria o mundo agora? A história, a filosofia e a literatura jogaram nos campos do contrafatualismo com o objetivo de desnaturalizar os acordos sociais contemporâneos. É até mais chocante que a antropologia, que impulsou tantas formas de etnografia experimental e que fez da desnaturalização o seu território, apenas tenha participado nem na geração nem na análise de cenários contrafatuais. Por que deveria de ser assim? É simplesmente porque a antropologia sempre baseou a sua obra em sublinhar a diversidade que emerge nas capacidades universais partilhadas pelos seres humanos, e por isso não precisa ir aos cenários do “que haveria acontecido se…?” com o intuito de desnaturaliza-los ou é por algo mais? Numa era de antropologia comprometida, pode a antropologia contrafatual contribuir às mudanças que muita gente espera ver no mundo. E se é assim, como seria uma etnografia contrafatual?

 

 

 

anuncios

 covid19

ARIESRESOL

   Logo AIBR

 

CRIA logo

Brasão MunicípioVilaReal

   POTSDAM

Com o apoio de:

WGmini

 LogoVisitPortoNorth rbg pos

TM logo traga mundos 1